Quais são as cores da Floresta sem cor?
Por Ana Lucia Gondim Bastos
Se perceber estrangeiro vagando na floresta alheia.
Num lugar onde tudo o que é familiar se desnaturaliza, o que obviamente tinha
determinadas cores, passa a poder não ter, no mundo do outro. Esse é o cenário
do livro As Cores da Floresta sem Cor, de Ana Claudia Gondim Bastos. Um livro
que fala sobre a falta (não só de cores) e sobre o encontro e a entrada com/no
o mundo do outro. Um mundo diferente que assusta e angustia, mas que abre espaço
para a criação! Fala também do incômodo de receber o outro no nosso mundo, um
outro cheio de demandas e convicções trazidas de sua própria floresta que o faz
estranhar as demandas e convicções que para nós, também, são tão naturais. A
menina que não conhecia a falta de cor, entra no mundo do menino que não
conhecia as cores e num primeiro momento nem o enxerga, tropeça no menino. Mas,
num momento seguinte, o menino se levanta, fica frente a frente com aquela
menina colorida, permite ter as bochechas pintadas e... a mágica se dá! Ambos
percebem-se potentes para pintar o mundo com cores próprias e as coisas deixam
de ser como sempre foram e como sempre viriam a ser se a falta não existisse –
seja a falta de cor ou de espaço sem cor. Um encontro bonito, daqueles que a
gente deseja ter muitos vida afora, mas, que só pode acontecer se estamos
abertos para o novo e para a desconcertante experiência de passear na floresta
alheia e para deixar que passeiem na nossa, permitindo que transformações
mútuas ocorram. Então, quais seriam mesmo as cores da floresta sem cor? As que
escolhermos juntos, vamos lá?
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