quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Força da Esperança e das Canções


A Força da Esperança e das Canções
Por Ana Lucia Gondim Bastos

As tramas criadas por Victor Hugo (1802-1885) para seus personagens, deixam sempre muito evidentes as dimensões históricas, sociais e psicológicas, que as sustentam. É, justamente, isso que os tornam extremamente consistentes. O Corcunda de Notre-Dame e Gwynplaine (criança que tem o rosto mutilado, no sorriso eterno do “O Homem que Ri”) são dois exemplos de personagens de Victor Hugo que engendram tais tramas e estimulam nossos sonhos (e pesadelos), nosso espírito crítico, a crença no nosso potencial de transformação (e de manutenção) de realidades e, também, por conta de tudo isso, alimentam nossas esperanças! “Os Miseráveis” é, sem dúvida, mais uma dessas delicadas (e ao mesmo tempo super pesadas) tramas de Victor Hugo. Seus personagens ora parecem completamente submetidos às determinações sociais, ora nos fazem acreditar na força da esperança e do amor. Nessa trama, contudo, tais forças são fomentadas, bem mais do que pelo amor cultivado nas relações interpessoais ou na felicidade presente em bons encontros e fortes abraços (como acontece na história de amor do corcunda e sua cigana ou de Gwynplaine e sua Déia), a ênfase recai, também,  no amor de cada um por sua gente e por todos aqueles que sofrem pelas injustiças e rótulos sociais. Traz a esperança fomentada pela força da união de muitas vozes cantando  pelos direitos humanos. Daí a pertinência maior de transformar tal trama em musical, no qual o canto de um encontra o canto do outro e, depois, do outro e do outro, até que um poderoso coro de resistência se estabeleça. É, justamente, o que acontece na versão cinematográfica dirigida por Tom Hooper (2012), que conta com elenco grandioso, responsável por memoráveis e premiadas interpretações.
Uma emocionante história cantada que me fez lembrar de certa feita ter recebido, de uma criança, um conto intitulado “A Floresta em cantada”. O encanto de uma história sonhada virou canção, para aquela menina que começara a explorar a escrita da língua portuguesa. Achei bonito! Uma imagem que me permitiu embarcar com ela numa viagem rumo a uma floresta que existe dentro dela e de todos que já foram embalados por canções que apaziguam a novidade da existência e estabelecem a esperança no futuro e no florescer de tudo que foi plantado com amor, durante a vida. 

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