terça-feira, 8 de julho de 2014

Conselho mineiro


Conselho de mineiro
Por Ana Lucia Gondim Bastos


Foi só colocar o pé em Minas que já recebi o primeiro valioso conselho, numa despretensiosa parada para pedir informação : “Quando ocê chegar naquela estrada, ocê não larga dela não, que você vai chegar onde ocê quer!”. Me pus a refletir, sobre quantas estradas tive a convicção que me levariam a destinos sonhados e “num larguei delas, não”, até chegar lá. Lembrei que, quase todas as vezes, deu certo e, então, segui viagem. Antes mesmo do dia chegar ao fim, cheguei numa pousada administrada por uma senhora de 82 anos e, logo, recebi o segundo conselho do dia: “para chegar na minha idade com a cabeça boa, tem que estar sempre mexendo com a vida!”. Fui dormir pensando em como é difícil não largar estradas e, ao mesmo tempo, não parar de mexer com a vida!
Conselho mineiro é sempre assim, parece simples, mas é de uma complexidade sem tamanho! É exatamente como o sotaque: parece que estão oferecendo as palavras mastigadas para o entendimento, mas aí é que fica difícil a compreensão. Para entender um conselho mineiro é preciso estar bem atento ao que está sendo dito e nunca menosprezar a profundidade. Mas, como poderia ser diferente? Em Minas não se apaixona por, se apaixona com alguém. Já pensou o que é isso?  Um povo desse só pode dar bons conselhos!  Claro, que os melhores conselhos nem sempre são os mais fáceis de seguir, mas, o fato é que eu, com certeza, daqui pra frente vou manter os olhos abertos para não largar estradas as quais acredito me levar para lugares onde quero estar, sem perder a capacidade de mexer com a vida, enquanto isso. Um malabarismo necessário, com o qual até venho lidando há um certo tempo, mas que só numa viagem a Minas consigo encontrar as palavras certas para dele falar.
Mais uma vez, saio de Minas, com o coração cheio de gratidão... trem bom demais da conta, sô!