O Grito do Homem Voador ao
cair em Si...
Sobre o Grande Circo
Místico (dores e sabores)
Por Ana Lucia Gondim Bastos
Das guerras, dos
desencontros, dos dissabores, da crueldade, dos massacres, da morte e da
destruição. Do amor, da alegria, dos bons encontros, das risadas, da poesia, da beleza, do
abraço e do laço. De tudo isso é feita a vida nesse mundo, no qual vive o homem
que, quando cai em si, já se lançou! Um
Grande Circo Místico, com trapezistas, bailarinas, acrobatas, muitos palhaços e
a fé de que vale à pena continuar a história da nossa gente. “É a arte de
deixar algum lugar, quando não se tem pra onde ir”, afinal temos todos almas de
artista e “toda alma de artista quer partir”, mas não sem antes “parar, ouvir,
sentir que tatibitate que bate o coração”. Um espetáculo sobre a dança de corpos de
Afrodite e Hades, Eros e Tanatos. Os que podem ter a soberania do amor, nos
seus corpos e em suas almas, carregam consigo, como diz Frederico à sua amada
Beatriz, um trevo da sorte que é a certeza de querer ver seu amor no dia
seguinte. E assim seguem a vida , confiantes na força da poesia. Mas, quando
vem a guerra tudo isso fica impossibilitado. E as crianças, que poderiam estar
na plateia do circo, se entretendo com os palhaços que as divertem ou com os
trapezistas que as impressionam ou, ainda, com os mágicos que as fazem
acreditar que toda fantasia pode ser possível no mundo real, gritam de pavor e
dor, muito antes de se perceberem capazes de voar como aqueles artistas de
circo e de, até, virem a achar a aventura interessante. E os adultos, sofrem por suas crianças, e
pelas crianças que ainda são, por saber que poderiam estar fazendo parte dessa
plateia ou mesmo do espetáculo! Sofrem também de dor e pavor, porque a guerra
tira o véu de poesia da vida que, assim, é muito dura, triste e crua.
O Grande Circo
Místico, em cartaz em São Paulo, chega em momento oportuno. Momento de tanta
atrocidade, que separa tantos Fredericos de suas Beatrizes, tantos filhos de
suas mães, tantas pessoas da vida que vinham construindo até aqui. Torçamos, e façamos a nossa parte,
para que Afrodite distraia Hades, como propõe o personagem de Fernando Eiras, e
que muitas trupes de artistas continuem se animando a buscar novas paragens,
“mais um dia, mais uma cidade para enlouquecer/ o bem querer, o turbilhão/
Bocas quantas bocas a cidade vai abrir, p’ruma alma de artistas se entregar/
palmas pro artista confundir/ pernas pro artista tropeçar”. Obrigada a todos
eles que nos fazem sentir, como Frederico, portadores de trevos da sorte, só
porque queremos vê-los amanhã, novamente! Obrigada Chico Buarque e Edu Lobo pelas músicas e melodias, que nos fazem sonhar!
(todos os trechos entre aspas são de músicas do disco O Grande Circo Místico, da dupla citada)
(todos os trechos entre aspas são de músicas do disco O Grande Circo Místico, da dupla citada)
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