Magia ao Luar
Por Ana Lucia Gondim Bastos
novo endereço do blog: https://tecendoatrama.wordpress.com/
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Ambientado
em 1928, momento no qual a psicanálise já começava a ter eficácia clínica e
fundamentos teóricos reconhecidos socialmente, o novo filme de Woody Allen
traz, com muita delicadeza, questões acerca de produções de realidades e de
(in)certezas que tocam as explicações que a elas emprestamos para construirmos
nossas narrativas.
O
protagonista é um renomado ilusionista inglês capaz de se passar, em cena, por
um chinês que faz elefantes desaparecerem diante de uma plateia extasiada, ao
mesmo tempo que desacredita totalmente na existência de qualquer tipo de mágica
ou evento inexplicável pela racionalidade. Para ele, de fato, qualquer magia é
mera ilusão e defende essa verdade com unhas e dentes! Até o dia em que um
amigo o leva ao encontro de uma jovem médium afim de que desvende seus truques
e desmascare mais essa impostora. Contudo, a tarefa, de início, já não se
apresenta tão simples e Stanley começa a se encantar (com toda a abrangência de
sentido que encantar-se pode ter) pela bela Sophie. É num passeio repleto de
imprevistos que Stanley leva Sophie a um observatório e confessa temer a
imensidão do universo. A naturalidade e leveza com que a moça aprecia o céu e
suas estrelas e o romantismo que neles enxerga, parece oferecer acolhimento para o até então poderoso
homem da racionalidade, que ali começa a apresentar seu menino assustado.Com
diálogos espirituosos, ótimas atuações e excelente trilha musical, o filme
merece ser assistido e desvendar as surpresas do roteiro seria como não
respeitar a magia que propõe. Portanto, fiquemos por aqui! Mas, vale ressaltar
mais essa homenagem à psicanálise (como clínica e constructo teórico) que tem
como desafio nos manter capazes de encantamento com a vida - com as
descobertas e encontros que oferece - sem que, para isso, precisemos tirar os
pés do chão, desconsiderando nossa condição de seres vulneráveis e mortais. Assim como, de nos manter capazes de protagonizar nossas histórias, mesmo cientes de que o controle de seus destinos é sempre bem limitado e, seus caminhos, muito pouco previsíveis.
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